sábado, 24 de outubro de 2009

aprendendo a amar

-Já lhe disse que a amo mais que tudo nesse mundo?
-Já. E provavelmente exagera na afirmação. Amor demais é sinal de baixa auto estima.
-Discordo. Então está me dizendo que há um limite para o amor? Acaso não poderia amá-la infinitamente?
-Não digo que há um limite para o amor. E sim que há apenas um alvo e uma maneira de amar.
-E que alvo e maneira seriam esses?
-Amamos ter o amor em nossas artérias, respirá-lo, senti-lo, vivê-lo. Como um intervalo em todas as dores do corpo e da alma, uma morfina gratuita e instantaneamente eficaz. Não amamos alguém, amamos amar alguém. O alvo do amor somos nós, sempre.
-Não acredito que está me dizendo isso. Como você explicaria, pois, o fato de eu estar disposto a dar minha vida pela sua?
-Minha morte certamente influenciaria nas sensações que tem quando estou presente. Você teme não senti-las novamente como antes, e essa possibilidade o atormenta a ponto de preferir não sentir mais nada a correr o risco de ficar tomado pela dor da lembrança de um sentimento vivido.
-Então só o que me move nesse momento, a seu ver, é meu medo de sentir dor pela sua perda?
-Medo de ter o sentimento que carrega alterado.
-Você me ama?
-Amo.
-Então por que faz isso comigo? Suas palavras me ferem mais que a possibilidade de sua perda.
-Se é verdade o que diz, cale-me agora.
-Calar-lhe como?
-Matando-me.
-Você está louca? Jamais cometeria tamanha insanidade!
-Então está mentindo.
-Prefiro calar-lhe com um beijo.
-Um beijo não me calará para sempre.
-Mas pode fazer você desistir dessa ideia maluca de morte! Olha, é o nosso último encontro antes de você... Não queria que fosse assim.
-Faça antes que outros façam por você.
-Está bem.
C.S.S.

lapsos

Lapsos de – qualquer coisa – (em segundos).
Porque tudo o que importa é isso (ou não).
Para todo o resto, panos quentes.