quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

09/12/2013


Nove de dezembro de 2013.
Um dia para seu aniversário.
Um dia para seus irmãos chegarem.
Um dia para começar a festa.
Um dia.

Nove de dezembro de 2013,
você caíra e não conseguia se levantar.

Nove de dezembro de 2013,
e não foi preciso mais de um dia para tudo mudar.

Não vou lamentar a saudade.
Não vou lamentar a perda da minha melhor aluna de inglês.
Não vou lamentar o vídeo em sua homenagem que você nunca assistiu.

Eu não vou lamentar.

Prefiro lembrar que você gostava de dançar.
E lembrar da sua dança é também lembrar dele.
É lembrar o quanto era bonito.

Eu vou sempre lembrar.

Hoje, com saudade duplicada aos 84 e um mês,
danço com vocês
no ritmo despojado
de rimas inexperientes
e sonho um segredo revelado:
esperaste a lua cheia
para reencontrar o seu amado.

Adeus, vó.
Cuida bem dela, vô.

C.S.S. 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Das várias formas de morrer – a primeira lição


“... e então o homem sentiu necessidade de registrar aquilo que falava e surgiu a escrita”.

A explicação da professora penetrava em seus ouvidos como o relato de um crime. Afinal, desde criança obrigavam-na a respeitar um conjunto de desenhos negros sobre o papel branco e pautado, que rogavam chamar de alfabeto.

O que seriam as palavras escritas, se não armadilhas para o som que reinava pleno e livre na variação fascinante do boca a boca?

Mas, tal qual a vítima que se apaixona por seu algoz, gostava de escrever.

Já na adolescência, após um tsunami abruptamente lhe penetrar todos os poros da pele e inundar seu coração de felicidade, cogitou estar apaixonada. “eu você água”, escreveu – no mais sincero bilhete de sua vida – após vasculhar, inutilmente, décadas de palavras acumuladas em rígido sistema gramatical.

Sem sucesso na declaração, e sofrendo a angústia dos incompreendidos, percebeu a absoluta inutilidade – em sua vida – dos desenhos autoritários.

Queria falar sentimentos e escrever com o coração! Embora não tenha conseguido ir além deste post, com palavras escritas.

C.S.S., em crise mais uma vez