sábado, 18 de fevereiro de 2012

amor de chata

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Eu não gosto

de gente que fura fila.
de gente que fala gritando.
de gente que não me entende.
de gente que pergunta demais.
de gente que fuma do meu lado.
de gente que passa gel no topete.
de gente que come de boca aberta.
de gente que muda muito de canal.
de gente que fala em público lendo.
de gente que não sabe beber e vomita.
de gente que enfeita o nome no orkut.
de gente que assoa o nariz em público.
de gente que atende o celular em teatro.
de gente que usa óculos escuros à noite.
de gente que ultrapassa pelo acostamento.
de gente que não sabe falar de outra coisa.
de gente que acorda cedo sem dificuldade.
de gente que tosse sem por a mão na boca.
de gente que conta sempre a mesma piada.
de gente que usa muito brilho e cores fortes.
de gente que guarda lugar na sala pra amigo.
de gente que solta catarradas no meio da rua.
de gente que tira foto no espelho do banheiro.
de gente que não bate na porta antes de entrar.
de gente que deixa a louça suja por dias na pia.
de gente que pega livro emprestado e não devolve.
de gente que chega duas horas depois do combinado.
de gente que, não sabendo o que dizer, te diz pra “deixar quieto”.
de gente que ouve pagode, axé ou música eletrônica sem sofrimento.
de gente que não escova os dentes e se aproxima demais pra conversar.
de gente que come chocolate todos os dias e não engorda nem tem espinhas.


Eu não gosto de um monte de gente. E fui gostar logo de você.
(que coisa)


C.S.S., uma chata apaixonada,
dezembro de 2009

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Chata, eu?


As pessoas costumam ter um vocabulário limitado quando estão perto de mim. A palavra “chata”, por exemplo, me é associada diariamente. Não importa o quanto eu tente argumentar, estarei para sempre vinculada à chatice.

Não me esforço para ser agradável, confesso. Mas, cá entre nós, não há chatice maior do que uma pessoa tentando ser legal com você. Se você for legal, as pessoas serão legais sem qualquer esforço, simplesmente porque só chatos são chatos com pessoas legais e só pessoas legais tentam ser legais com pessoas chatas. Se muita gente estiver tentando ser legal com você, desconfie… Você é chato.

Mas a chatice, assim como o tempo, é relativa. Costuma-se taxar de “chato” aquele que tem objetivos, gostos e/ou pretensões (permanentes ou momentâneas) peculiares: o chato é normalmente aquele que não concorda com a maioria. Em uma boate, chata será a pessoa que reclama da música alta. Em um bar, chato será aquele que não quer beber. Em uma sala de aula, chato será aquele que quer realmente estudar. Em Goiânia, chata será a pessoa que tentar respeitar as leis de trânsito. No mundo dos legais, não há espaço para os chatos. A questão é que os chatos poderiam se unir, virar maioria e acabar de vez com a chatice. Mas os chatos são chatos demais para isso.

C.S.S., uma chata