“...
e então o homem sentiu necessidade de registrar aquilo que falava e surgiu a
escrita”.
A
explicação da professora penetrava em seus ouvidos como o relato de um crime. Afinal,
desde criança obrigavam-na a respeitar um conjunto de desenhos negros sobre o
papel branco e pautado, que rogavam chamar de alfabeto.
O
que seriam as palavras escritas, se não armadilhas para o som que reinava pleno
e livre na variação fascinante do boca a boca?
Mas,
tal qual a vítima que se apaixona por seu algoz, gostava de escrever.
Já
na adolescência, após um tsunami abruptamente lhe penetrar todos os poros da
pele e inundar seu coração de felicidade, cogitou estar apaixonada. “eu você
água”, escreveu – no mais sincero bilhete de sua vida – após vasculhar,
inutilmente, décadas de palavras acumuladas em rígido sistema gramatical.
Sem
sucesso na declaração, e sofrendo a angústia dos incompreendidos, percebeu a
absoluta inutilidade – em sua vida – dos desenhos autoritários.
Queria
falar sentimentos e escrever com o coração! Embora não tenha conseguido ir além
deste post, com palavras escritas.
C.S.S., em crise mais
uma vez
Nenhum comentário:
Postar um comentário