terça-feira, 5 de agosto de 2014

1 das 12: no céu tem whatsapp?


Deu 6, fim de expediente. Correria do trabalho, 2 filhos, nem 1 pai. Estava cansada, mas isso não importava. Via no cansaço o sintoma de uma moléstia que seria brevemente curada com o abraço apertado de sua pequena e os resmungos de seu pré-adolescente.

Parou para comprar lanche, perdeu o ônibus das 6 e 15. Esperando a condução, o inesperado tiro. Havia sido 1 das 12.

Os números, que escondem nomes e dores, já não acalmam mais o coração. E na espera da mãe, chegou a tia.

Ele chorou, tentando lavar os olhos e tirar a realidade que não queria ver. “o céu ganhou um novo anjo, que estará sempre cuidando de nós”, a tia disse à pequena. A inexperiência de seus 4 anos, felizmente, deu esperança à sua dor. “no céu tem whatsapp, né, tia?”, perguntou retoricamente, sem qualquer pretensão de resposta, e voltou para suas bonecas, que aguardavam a chegada da mãe.


C.S.S., por uma Goiânia com menos mortes e mais poesia

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