Já
estava saindo de casa quando o telefone tocou. De imediato, olhei o celular. Nenhuma
mensagem ou ligação perdida. O que seria tão importante para se ter o telefone
fixo como primeira opção?
Talvez
uma tia velha ligasse informando a morte de um parente distante. Repassei
mentalmente as obrigações financeiras que havia assumido naquele ano, poderia
ser cobrança. Ou quem sabe um presidiário estivesse na linha, simulando o
sequestro de um ente querido para extorquir o dinheiro que não tenho. Ente
querido... Sorri de canto de boca, não tinha graça gargalhar sozinho. Pensei no
meu pai. Depois de tudo que havíamos dito um ao outro, seria a velhice capaz de
dissolver o orgulho?
Não
mais que de repente, a água gelada de um chuveiro imaginário despencou sobre
mim. Repleto de espasmos cardíacos, contraí os ombros e desejei que o telefone
parasse em cada passo a ele direcionado.
Por
último, como sempre e pra sempre, o pensamento nela. Afinal de outra forma não
haveria de ser as epifanias mentais dos apaixonados.
Voltei
para fechar a porta, sentei-me no sofá. A conversa seria longa. Estava pronto
para dizer não necessariamente o que precisasse ser dito, mas o que quisesse
ser ouvido. A tal receita do perdão.
C.S.S.
Pequeno e conciso, ainda tem espaço para dar um belo drible... Ótimo! Gostei do blog, depois volto com mais tempo.
ResponderExcluirCristiano Deveras
Obrigada, haha! Que bom que gostou!
ExcluirFico te esperando por aqui. ;)