quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Duas notícias

Duas notícias. Na primeira: uma médica deu um tapa em um menino de 6 anos com Síndrome de Down, chamando-o de "débil mental" na frente dos pais. Na segunda: um menino, também com 6 anos, escreveu uma carta para o presidente Barack Obama oferecendo sua casa e sua família para receber um menino sírio que aparece machucado, sujo e assustado em uma foto que ficou famosa na internet.

Agora uma experiência própria: quando trabalhei como voluntária com crianças com deficiência intelectual, me disseram para tomar cuidado porque eram "agressivas". Disseram também que não valia muito à pena dar aula de teatro pra elas, que elas pouco aprenderiam. Com esses "pré-conceitos", que me foram passados por pessoas que jamais haviam dado aula de teatro para crianças com deficiência intelectual, eu fui. E fiquei por 1 ano e meio. Agressividade? Não vi. Pelo contrário, eu fui muito bem recebida. Mas eu vi uma coisa. Vi essas crianças aprendendo, desenvolvendo habilidades dentro de suas limitações (e quem, com ou sem deficiência, não tem limitações?). Hoje eu tenho um "conceito formado" sobre pessoas com deficiência, e ele em tudo difere dos "pré-conceitos" que me foram transmitidos.

Voltando às notícias. Na primeira, uma médica vai muito além da reprodução de um "pré-conceito", agredindo uma criança de 6 anos. Na segunda, uma criança de também 6 anos demonstra amor incondicional por outra criança. Observe que na segunda notícia não há religião, raça ou qualquer outra forma de discriminação. É um menino querendo ajudar outro. Simples assim.

Ninguém nasce odiando ninguém. O ódio é ensinado a partir de uma série de "pré-conceitos" transmitidos entre gerações. Que tal inverter por um momento a relação entre quem ensina e quem aprende? Amar a gente já nasce sabendo, mas às vezes precisamos das crianças para refrescar nossa memória.

C.S.S.

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