Todos
os caminhos lhe atraíam. Não temia desvios e sua mochila parecia ter espaço
para tudo quanto fosse importante. Sem qualquer cautela ou delicadeza, dobrou o
mapa de possibilidades e o colocou no bolso. Seguiu.
A
verdade, contudo, era que nunca tinha tido habilidade com mapas. Alguns poucos
passos e já sentia o peso de uma mochila repleta de inutilidades. Queria parar,
voltar, pedir ajuda. Já não havia mais ninguém na estrada – apenas uma pedra no
meio do caminho e – não obstante o alerta repetitivo do poeta – tropeçou em
suas escolhas.
Ainda
se adaptando ao sangue quente que coloria rapidamente seus joelhos, tentava
reunir o conteúdo de sua mochila, já espalhado em vários cantos da estrada. Encontrou
arrependimentos, amores, procrastinações, dúvidas, saudades, pessoas que não
sabia ainda levar consigo. Não necessariamente nesta ordem, não necessariamente
em ordem.
A
carga já não cabia em sua mochila. Algumas coisas não podiam mais ser
importantes. Foi preciso escolher novamente. E foi então que se lembrou – por
mais esforço que fizesse – não conseguia ser triste.
Tirou
da mochila algumas culpas e – mais leve – conseguiu caminhar novamente.
C.S.S., esboçando novos
tropeços
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