domingo, 7 de setembro de 2014

dos caminhos e seus tropeços


Todos os caminhos lhe atraíam. Não temia desvios e sua mochila parecia ter espaço para tudo quanto fosse importante. Sem qualquer cautela ou delicadeza, dobrou o mapa de possibilidades e o colocou no bolso. Seguiu.

A verdade, contudo, era que nunca tinha tido habilidade com mapas. Alguns poucos passos e já sentia o peso de uma mochila repleta de inutilidades. Queria parar, voltar, pedir ajuda. Já não havia mais ninguém na estrada – apenas uma pedra no meio do caminho e – não obstante o alerta repetitivo do poeta – tropeçou em suas escolhas.

Ainda se adaptando ao sangue quente que coloria rapidamente seus joelhos, tentava reunir o conteúdo de sua mochila, já espalhado em vários cantos da estrada. Encontrou arrependimentos, amores, procrastinações, dúvidas, saudades, pessoas que não sabia ainda levar consigo. Não necessariamente nesta ordem, não necessariamente em ordem.  

A carga já não cabia em sua mochila. Algumas coisas não podiam mais ser importantes. Foi preciso escolher novamente. E foi então que se lembrou – por mais esforço que fizesse – não conseguia ser triste.

Tirou da mochila algumas culpas e – mais leve – conseguiu caminhar novamente.  

C.S.S., esboçando novos tropeços

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