Há uma espinha no noroeste de minha bochecha esquerda. Ela não é a única, nem será a última. Maldita acne hereditária que bombardeia – em toda a sua perversidade – o pouco de autoestima que ainda me resta. Sinto seu estado febril caminhar para o amadurecimento e nasce em mim a tentação incontrolável de espremê-la.
Não
sou mais tão jovem – mostram os números impressos em minha certidão de
nascimento. Como se eu não existisse antes deles, e como se eu morresse no
exato momento em que dizem que fechei os olhos pela última vez. Nem tudo na
vida cabe em combinações de 0 a 9. Os números mentem.
Talvez
eu precise mais de corretivo do que meu rosto.
Talvez
a juventude transborde os limites de minha pele.
Ou talvez eu viva uma puberdade tardia, dessas
que afloram invisíveis nos corações daqueles que, por desatenção ou descaso de
si mesmo, esqueceram-se de sonhar.
C.S.S.
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