Luciana e Ricardo tinham gostos parecidos no essencial da vida. Moradores do Setor dos Funcionários, não nutriam grandes ambições, trabalhando dia e noite para pequenas conquistas. Até mesmo nas brigas – se um dia existentes – eles certamente saberiam fazer as pazes e se amar ainda mais. Teriam filhos lindos e inspirariam tantos outros casais.
Ainda
sem se conhecer, Luciana e Ricardo eram almas gêmeas. Bastava uma apresentação,
um olhar trocado, um esbarrão no metrô.
Não
fosse a preguiça de Ricardo para acordar cedo aos domingos, não fosse a não ida
de Luciana ao baile da associação de moradores, não fosse a troca de emprego e
de linha de metrô de Ricardo, não fosse a jornada extra no trabalho de Luciana
aos sábados para quitar o financiamento do apartamento, não fosse – talvez – o
rancor do destino.
Morreram
sem dar o primeiro beijo desajeitado em frente ao cinema mais antigo da cidade,
não ficaram bobos com os primeiros passos de Ricardinho Júnior, não se encheram
de orgulho na formatura em Medicina de Nandinha, não realizaram o sonho de
conhecer Paris juntos. Morreram sem sentir a maravilha de dar as mãos e
entrelaçar as almas.
Foram
apenas dois corações repletos de amor a menos no mundo.
(fazer
o quê, é a vida)
C.S.S.
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